A prolongada escassez de chuvas em grande parte do território paulista, assim como em várias regiões brasileiras, impõe desafios para a indústria, para a qual a água é um insumo precioso. Porém, a fibra e a determinação características dos empresários do setor, bem como a mobilização e orientação do Ciesp e da Fiesp, têm sido decisivas para o enfrentamento do problema.
Conforme recomenda o Departamento de Desenvolvimento Sustentável das duas entidades e como vem sendo adotado por numerosas indústrias, é importante distribuir redutores de água para funcionários das fábricas, implantar sistemas eficazes de reúso, realizar campanhas de sensibilização e sugerir a integração entre as estações de tratamento e o apoio emergencial com caminhões pipa. É o que está sendo feito.
Exemplo emblemático de como a mobilização de nossa entidade tem contribuído para o enfrentamento da estiagem encontra-se na Diretoria Regional do Ciesp em Rio Claro, onde a prefeitura teve de adotar o rodízio no abastecimento, devido a uma das mais graves crises hídricas do município em todos os tempos. Além dos impactos negativos para a população, há riscos para o setor produtivo.
No entanto, graças às soluções emergenciais encontradas pela indústria, as operações locais do setor ainda não foram afetadas. Somada às medidas técnicas adotadas pelas fábricas locais, a elevada representatividade institucional do Ciesp levou a Diretoria Regional a ser convidada a integrar o Gabinete de Gestão de Crise Hídrica da Prefeitura. Assim, estamos contribuindo, além de nosso setor, para o encontro de soluções extensivas a toda a população. Para os associados locais de nossa entidade, foi distribuído o manual Gerenciando a Resiliência Hídrica na Indústria, com orientações técnicas eficazes.
Num olhar mais amplo sobre a questão, alerto que não se pode atribuir a prolongada seca no Estado de São Paulo e outras regiões brasileiras, assim como as chuvas torrenciais, tufões e enchentes, apenas a fenômenos pontuais como La Niña e, antes, o El Niño. É claro que não devemos ignorá-los ou negá-los, mas é preciso entender que são agravados pelas mudanças climáticas, um flagelo que, apesar de afetar toda a humanidade, ainda não teve uma resposta à altura dos governos. Segue sendo descumprida a meta estipulada em 2015 pelo Acordo de Paris, de limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius em relação ao período pré-industrial.
A grande expectativa para a COP 29 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), a ser realizada no Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro próximo, é que os compromissos dos signatários daquele tratado sejam reiterados (e cumpridos). Incluem-se nesses objetivos os aportes de recursos dos países ricos para que os mais pobres e em desenvolvimento possam empreender medidas para reduzir a pegada de carbono.
Enquanto os governos seguem distantes de atender às metas do Acordo de Paris, a indústria paulista está trabalhando muito para fazer sua parte, desde a mobilização política do CIESP e da FIESP no sentido de que o Brasil honre seus compromissos alusivos à agenda do clima, até a ação das entidades em apoio às fábricas no enfrentamento das crises hídricas. Nessa jornada, é pertinente enfatizar a força e determinação dos empresários e recursos humanos do setor, que não sucumbem na seca ou nas enchentes e seguem trabalhando pelo desenvolvimento de nosso país.
Rafael Cervone
Presidente do Ciesp e primeiro vice-presidente da Fiesp