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Na 6ª Edição da coluna especial Palavra do Presidente, Rafael Cervone, presidente do Ciesp, reflete: “A escalada dos conflitos no Oriente Médio tem impacto significativo na economia global."

A escalada dos conflitos no Oriente Médio, com um iminente confronto mais amplo entre Irã e Israel, que se soma à prolongada guerra entre Rússia e Ucrânia, além da perda de preciosas vidas e danos materiais, tem impacto significativo na economia global. Dois deles, instantâneos, são a majoração das commodities, em especial o petróleo, com influência direta em custos e preços de numerosas cadeias de valor, e uma apreciação do dólar.

Aumenta, assim, a pressão inflacionária, à qual são mais suscetíveis os países que, como o Brasil, enfrentam desequilíbrio fiscal. Cabe lembrar que a recente elevação da Selic onerou o serviço da dívida pública, agravando o desembolso de recursos orçamentários para sua manutenção. É preciso, portanto, muita atenção das autoridades econômicas e monetárias para equilibrar a situação e evitar um descontrole do IPCA, no exato momento em que o PIB nacional, puxado pela indústria, deu claros sinais de avanço mais promissor, conforme se observou nos resultados do segundo trimestre.

Para o setor industrial, de modo mais específico, há um risco direto gerado pelas guerras: o aumento do apetite dos exportadores pelo nosso mercado, um dos maiores do mundo. Com o crescimento do PIB e do consumo no Brasil, somado à queda das compras ocorrida em regiões envolvidas em conflitos, tornamo-nos alvo mais visado de empresas de todo o mundo. Numerosas delas, é preciso enfatizar, sediadas em países nos quais os custos de produção são muito menores do que os nossos. Além disso, no caso de algumas nações asiáticas, há subsídios e exigências menores quanto aos cuidados ambientais e direitos trabalhistas.

Enfrentamos concorrência muito desigual com a indústria de grande parte do mundo, como já se observa com a forte presença de produtos estrangeiros em nosso mercado. Por isso, é fundamental reduzir o “Custo Brasil”, premido pelos altos impostos, juros, ônus trabalhistas exagerados, insegurança jurídica e excessiva burocracia. Também precisamos de resultados concretos e rápidos de programas como a Nova Indústria Brasil (NIB) e Depreciação Acelerada, para recuperar nossa capacidade de concorrer na economia global.

Nesta edição do CIESPNEWS há matérias, como as que abordam a desoneração da folha de pagamentos e inovação, que permeiam nossa agenda de competitividade. O Ciesp, ao lado da Fiesp e demais entidades representativas do setor, tem se mobilizado de modo incansável para que sejam adotadas políticas públicas eficazes de fomento da indústria e no sentido de contribuir para a inovação e a melhoria do desempenho das empresas. Num mundo conflagrado, é premente termos capacidade cada vez mais alta para exportar e recuperar nossa participação em nosso próprio mercado interno.


Rafael Cervone
Presidente do CIESP e primeiro vice-presidente da FIESP