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A indústria, com certeza, irá beneficiar-se desse potencial, utilizando energia cada vez mais limpa e renovável. A transição, para se converter em ganhos expressivos de competitividade, precisa estar associada ao aporte tecnológico, como a inteligência artificial e a internet das coisas, por exemplo.

21/02/2025 - Quem pode questionar a necessidade da transição energética, se Faisal Alibrahim, ministro da Economia e Planejamento da Arábia Saudita – cuja rica economia é quase totalmente baseada na produção e exportação de petróleo –, afirmou, no recente Fórum Econômico Mundial, em Davos, que, embora ainda haja demanda global por combustíveis fósseis, o mundo não conseguirá suportar se não ocorrerem mudanças para fontes verdes?

De fato, a substituição dos hidrocarbonetos, responsáveis por cerca de 75% da emissão global dos gases de efeito estufa, segundo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), é um fator crítico no combate ao aquecimento global e decisivo para o desenvolvimento econômico sustentável.

Cabe acentuar que a transição para um novo modelo é ainda mais crucial para a indústria, que responde por mais de 30% da energia e quase 40% da eletricidade consumidas no Brasil. Esses dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam os caminhos a serem seguidos e enfatizam o caráter impreterível das transformações.

No nosso país, cerca de 55% da matriz energética total são referentes a fontes não renováveis, especialmente petróleo e gás, e 45%, renováveis. Estamos muito mais avançados do que a média mundial, cujos índices são de 85% e 15%, respectivamente, e temos potencial para progredir cada vez mais nesse campo, como se evidencia nas estatísticas oficiais específicas da matriz elétrica: dos 200 gigawatts atuais de nossa potência instalada, 84,25% são de fontes renováveis e 15,75%, não renováveis.

Além das hidrelétricas, temos progredido na geração eólica e solar, além da biomassa. A indústria, com certeza, irá beneficiar-se desse potencial, utilizando energia cada vez mais limpa e renovável. A transição, para se converter em ganhos expressivos de competitividade, precisa estar associada ao aporte tecnológico, como a inteligência artificial e a internet das coisas, por exemplo.

O êxito desse movimento dependerá bastante do sucesso de políticas públicas em curso, como o programa Nova Indústria Brasil (NIB), que visa modernizar e tornar o setor produtivo mais sustentável. Outras iniciativas, como o Plano Nacional de Energia 2050 e o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), também são importantes para viabilizar investimentos em equipamentos, tecnologias e processos voltados à substituição dos hidrocarbonetos.

Precisamos agilizar esses avanços, pois o fomento da indústria em sólidas bases de sustentabilidade e produção limpa, além de todos os benefícios ambientais, é decisivo para proporcionar expressivo ganho de competitividade, com impacto direto muito positivo para o nosso país. Afinal, considerando o peso e a importância do setor na economia, geração de empregos, exportações, investimentos e inovação, seu impulsionamento será determinante para que o Brasil tenha crescimento anual do PIB mais substantivo, deixe de andar de lado e ascenda a patamares mais elevados de renda e desenvolvimento.

*Rafael Cervone - Presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).