CIESPNEWS (23/10/2024) – Distribuir redutores de água para funcionários de suas empresas associadas, realizar campanhas de sensibilização, sugerir a integração entre Etas (Estações de Tratamento de Água) e o apoio emergencial com “caminhões pipa” foram algumas das medidas sugeridas pela Diretoria Regional do Ciesp em Rio Claro durante uma reunião na última segunda (21), que abordou a crise hídrica, o rodízio de água recém-anunciado na cidade e os impactos para o setor produtivo. As medidas vão ao encontro de um alerta feito em setembro pelo Departamento de Desenvolvimento Sustentável Fiesp/Ciesp sobre o “cenário adverso” que o estado de São Paulo vive em relação à questão hídrica.
Segundo João Zaine, gerente regional do Ciesp Rio Claro, a cidade está passando por uma das piores crises hídricas do último século. Em situação de emergência, a Prefeitura de Rio Claro decretou na última sexta (18), o racionamento de água por 12h seguidas de um mesmo dia. Além disso, os dois rios que abastecem o município, Claro e Corumbataí, estão com a vazão baixa por conta da estiagem na região. Cerca de 40% da cidade é afetada pelo racionamento.
Diante desse cenário, a Diretoria Regional do Ciesp em Rio Claro está se movimentando para que medidas sejam tomadas, buscando evitar que a situação das indústrias locais se agrave. No encontro promovido pelo Ciesp, estiveram presentes diretores, conselheiros e associados da entidade, com a participação de técnicos do Daae (Departamento Autônomo de Água e Esgoto), além do coordenador regional de meio ambiente do Departamento de Desenvolvimento Sustentável Fiesp/Ciesp, Alexandre Vilella.
Zaine explica que o setor industrial pode ser impactado de diversas formas com a crise.
A situação é muito grave. Ainda não está afetando a maioria das indústrias, porque elas são atendidas por outras ETAs. Mas se não chover, a tendência é que isso agrave para todos os setores e afete diretamente a mão de obra e horários de funcionamento”, diz Zaine.
Resiliência hídrica e mudanças climáticas em pauta
De acordo com o especialista do Departamento de Desenvolvimento Sustentável Fiesp/Ciesp, uma das causas da situação climática atual em São Paulo se deve a um conjunto de fatores adversos que o estado vem enfrentando. Em Rio Claro, a situação da estiagem começou a se agravar desde de junho, com o panorama atual equiparável à crise histórica de 2014.
Esse ano tivemos uma condição climática muito adversa, com chuvas bastante abaixo da média, influenciadas pelos fenômenos La Niña e, antes, pelo El Niño. Esse conjunto de fatores eleva os custos de tratamento e o consumo [de água] nas cidades que cresce 20%, 30%, além de aumentar as taxas de evaporação de água no solo e dos próprios mananciais”, diz Vilella.
Ele também alerta as empresas sobre as questões das infraestruturas nos municípios para enfrentamento das questões de escassez ou excesso de água. Para ele, a indústria pode sofrer impactos em toda sua cadeia de valor, seja pela indisponibilidade de mananciais, restrições ao transporte e aumento de custos.
Em diversas situações, as questões da qualidade das águas restringem a capacidade de tratabilidade diante dos desafios da universalização do saneamento e os elementos climáticos que também pressionam os sistemas, considerando que espera-se episódios cada vez mais frequente para convivermos”, alerta Vilella.
A força do Ciesp e da indústria
Em Rio Claro, o Ciesp foi convidado pela para integrar o Gabinete de Gestão de Crise. Para seus associados, a diretoria está divulgando o manual “Gerenciando a Resiliência Hídrica na Indústria”, com sugestões que podem ser implantadas conforme as características de cada indústria.
De acordo com Vilella, mesmo sendo afetado pela crise, o setor industrial tem feito a sua “lição de casa” e colaborando no combate à escassez com diversas medidas, como o reuso de água, troca de equipamentos, capacitação e tantas outras frentes.
As cadeias produtivas sofrem por um lado, mas por outro são elas que manufaturam e oferecem as soluções para a sociedade e para a própria indústria”, conclui Vilella.