Ciesp News (19/08/2024) - Composta por pessoas nascidas entre 1996 e 2010, a Geração Z está começando a se estabelecer no mercado de trabalho. Enquanto os mais velhos já estão mais consolidados nas empresas, os mais novos planejam os primeiros passos na vida profissional.
De acordo com a ONU, a Geração Z já representava 31,5% da população mundial em 2019. Com isso, a expectativa é de que a presença destes profissionais em diversos setores cresça com o passar dos anos.
Mesmo com a perspectiva dos ‘Gen Z’ ocuparem espaços cada vez mais importantes nas empresas no futuro, seu relacionamento com as outras gerações ainda não é o ideal. Um levantamento feito pela consultoria Great Place To Work revelou que 68% das pessoas consideram a Geração Z como a mais desafiadora de lidar no trabalho.
Para Luciana Loro, Gerente de Recursos Humanos do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), parte deste conflito é natural e acontece por conta das diferenças existentes entre cada geração. Muitas vezes, os profissionais da Geração Z são taxados como irresponsáveis e até recebem críticas por comportamento inadequado.
Para eles, que já nasceram na época da internet, o sucesso profissional não se resume aos anos numa empresa, numa mesma posição como para gerações anteriores. Eles têm uma gana de crescimento profissional e de promoção maior do que a geração anterior”, afirma.
As principais características dos ‘Gen Z’
A falta de apego aos vínculos trabalhistas é um dos traços marcantes dentre os integrantes da Geração Z, como citado por Loro. Esse ponto faz com que muitas empresas se preocupem na hora de buscar colaboradores desta faixa, já que é um comportamento distinto em relação às outras gerações.
No entanto, a ‘Gen Z’ também traz outras características que se destacam no mercado de trabalho. Uma delas é a grande conexão com a tecnologia, já que eles são marcados por serem a primeira geração a estarem em contato com a internet desde o início da vida.
Outra diferença é a maior necessidade por propósito no trabalho. Além de quererem entender suas atribuições, esses profissionais também se preocupam em saber mais sobre as razões e impactos de suas ações.
Em geral, a gente percebe que tem essa inquietude, que a gente precisa dar informações ‘macro’ para que eles se mantenham engajados”, aponta Loro.
Por fim, a Geração Z é a que apresenta maior preocupação com questões ligadas a saúde mental. A Gerente de RH explica que uma das razões para essa atenção é a pandemia do coronavírus, já que os mais jovens acabaram sendo muito afetados pelo isolamento social durante a Covid-19.
“Essa parte da saúde emocional é uma preocupação das empresas e tem que ser levada em consideração. Como eles têm esse acesso à informação muito melhor do que as outras gerações - e esse acesso à informação estando sozinho em casa - para mim isso impacta muito para eles. Então tem que existir um cuidado das empresas em relação a isso”, defende Loro.
O que atrai a Geração Z?
Para conseguir chamar a atenção da ‘Gen Z’, uma das estratégias está relacionada ao termo accountability, ligado às responsabilidades. Como os nascidos nesta geração podem ter problemas com algumas demandas, fazer uma divisão entre as tarefas a serem realizadas pode ajudar tanto na organização quanto na busca por informações, fator comum entre nascidos nesta geração.
Entender bem as responsabilidades faz com que o trabalho se torne mais claro e, assim, facilita para eles enxergarem a importância de suas atividades. “Essa é uma tendência que casa muito com a Geração Z, que as pessoas têm que ter a responsabilidade da fatia dela e saber o quanto está impactando no todo. Isso motiva muito esse público, porque eles têm sede de informação. Então para mim, a gente divulgar a informação, números e ouvir as pessoas é um caminho para segurar esse público”, diz Loro.
Outro fato que interessa muitos dos integrantes da Geração Z é a flexibilidade no trabalho, influenciado pela pandemia, já que muitos começaram suas carreiras nesta época. Ser ouvido também é uma reivindicação importante entre esses profissionais, que mesmo tendo menos experiência, sentem que podem agregar às discussões e decisões de suas empresas.
Aqui na entidade, a gente busca manter o engajamento de todos e trazer várias gerações nos processos seletivos, porque a gente quer de fato uma equipe multidisciplinar porque ela se completa. É muito interessante você ver a atuação de uma Geração Z com uma Geração Y, trabalhando junto, já que um aprende com o outro”, completa Loro, exemplificando a situação com o dia a dia no Ciesp.
Além da flexibilidade e da autonomia, a ‘Gen Z’ está, claro, muito ligada à tecnologia. Por isso, é muito comum ver essa geração preterindo os equipamentos tradicionais à soluções mais modernas. Portanto, quanto mais opções a empresa oferecer para estes novos trabalhadores, mais vantagem terão para atraí-los no mercado.