28/10/2024 - O Brasil deverá receber a injeção de R$ 54 bilhões em recursos por meio de parcerias e acordos anunciados na manhã desta segunda (28), durante o 7° Fórum Brasil de Investimentos (BIF), que aconteceu em São Paulo. Promovido pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), o evento contou com a presença de investidores brasileiros e estrangeiros, de lideranças empresariais, como o presidente do Ciesp e 1º vice-presidente da Fiesp, Rafael Cervone, além de senadores, presidentes de entidades e três ministros, incluindo o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que também acumula a pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Segundo o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, a ideia do fórum, que aconteceu pela sétima vez, é promover a imagem do Brasil e evidenciar o que o país tem de melhor, além de destacar as propostas do Governo para fomentar um desenvolvimento econômico inclusivo e sustentável.
O BIF faz parte dos esforços da ApexBrasil para trazer mais investimentos ao país, auxiliando nos desafios que enfrentamos para a nova industrialização e para a transição numa economia de baixo carbono”, disse Viana.
Morgan Doyle, gerente geral do Departamento de Países do Cone Sul do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Taciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, e Décio Lima, presidente do Sebrae Nacional, são outras autoridades que estiveram no evento.
Reforma Tributária e Sustentabilidade
Perante uma plateia lotada, com parte significativa composta por potenciais investidores estrangeiros, Alckmin ressaltou que um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostrou que a Reforma Tributária deverá aumentar o PIB em 12%, incrementando ainda os investimentos no país em 14% e as exportações em 17%. O projeto tramita no Senado.
O vice-presidente chamou a atenção ainda para a transição ecológica, considerado o tema central do evento. Ele falou sobre a Lei do Combustível do Futuro, que pretende impulsionar a descarbonização. De acordo com ele, hoje o Brasil tem 85% da frota de veículos no modelo flex, porém mesmo entre os que optam por abastecer com gasolina, hoje, 27% da composição do combustível é de etanol. A nova lei, segundo ele, pode elevar este percentual a até 35%. Ele também ressaltou o protagonismo que o Brasil deverá ter com o Combustível Sustentável de Aviação (SAF).
Vai ter que trocar o querosene dos aviões do mundo inteiro. Quem é que pode produzir esse Sustainable Aviation Fuel [Combustível Sustentável de Aviação]? O Brasil”, perguntou o vice-presidente.
Integração Sul-Americana e mudanças geopolíticas globais
Simone Tebet fez uma breve apresentação sobre o projeto “Rotas de Integração Sul-Americana”, que envolve mais 11 ministérios e que mapeou o predomínio da China como principal destino das exportações hoje em dia no Brasil, desenho diferente se comparado aos dos anos de 2000 e de 2010, quando os EUA eram os maiores compradores do Brasil.
Para ela ainda, existe um mercado consumidor considerável na América Latina que não deve ser desprezado pelo Brasil.
Nós temos uma janela de oportunidades única. Nós estamos no lugar certo, na hora certa. Há mais de 30 anos, se fala em integração regional da América do Sul para diminuir as desigualdades regionais, e é mais do que isso. Nós não vamos acabar com a miséria, nós não vamos diminuir as desigualdades sociais. se não diminuirmos as desigualdades regionais do Brasil. Não podemos mais ter apenas o Sudeste rico”, disse Tebet que já previu recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para implementar os projetos, sem interferir no equilíbrio fiscal do Governo.
Após a apresentação da ministra, o presidente do Ciesp afirmou não ter se surpreendido com a constatação feita sobre as alterações no destino das exportações brasileiras. De acordo com ele, a mudança geopolítica global tem afetado completamente os mercados externos.
Ele explica, por exemplo, que no caso das exportações para a Europa, tem havido redução do mercado, visto que a população além de não crescer, ainda vem se reduzindo, ao mesmo tempo em que o continente tem aumentado o grau de protecionismo das barreiras tarifárias, optando por fechar seu mercado em torno de seus próprios países-membros.
Cervone também concorda com a fala do presidente do BNDES, apontando que a guerra comercial entre China, Europa e EUA se dará por políticas industriais e não mais por políticas econômicas. O raciocínio vem sendo defendido há três anos durante sua palestra “Macrotendências Mundiais até 2040”, que foi apresentada a empresários de diversas regiões do estado de São Paulo.
Nós precisamos ficar muito atentos, pois perdemos o market share [fatia de mercado] na própria América Latina. E como a ministra Tebet falou, muito claramente, isso equivale a um Brasil, com mais de 200 milhões de consumidores na América do Sul, fora o Brasil. Nós precisamos trabalhar para reconquistar as agendas regionais de fornecimento, além das cadeiras globais”, disse Cervone.
No mapa apresentado pela ministra, Cervone observou que a Argentina praticamente saiu dos registros de exportações do Brasil nos últimos 20 anos, enquanto a Ásia assumiu substancialmente o papel de líder, ocupado antes pelos EUA, embora os americanos sejam ainda o segundo maior consumidor dos produtos do Brasil.